domingo, 1 de maio de 2011

Desbarrancamento das vidas às margens do rio Madeira

 Comunidade do outro lado do Rio Madeira antes do desbarrancamento.


Hoje no programa de Rádio Vozes da Amazônia estávamos entrevistando a Glaucia que é pesquisadora da Cartografia da Amazônia em Manaus, ela estava falando sobre as observações dela em Humaitá nesses últimos tempos, dentre eles, sobre o desbarrancamento acelerado na cidade. Na troca de experiências, falamos desse fenômeno em outras comunidades no alto e baixo Madeira. Nesse dialogo fiquei pensando a importância de pensar sobre esse desbarrancamento relacionado as modificações sociais e culturais dessas comunidades.
1. Programa Vozes da Amazônia todos os domingos a partir das 9:30 da manhã na rádio Kaiari.

2. Entrevista Com Gláucia - Pesquisadora do projeto nova cartografia da Amazônia-Manaus

                                            3. Equipe IMV - Cris, Márcia e Iremar

3. D. Neuzete que foi obrigada a sair de sua comunidade, hoje vive às margens do Rio das Garças, fora do seu contexto social, cultural, simbólico, longe de seus familiares e conhecidos. Ela diz que o lugar é bom, mas não é a mesma coisa, sente falta do Rio Madeira e de sua comunidade.

O desbarrancamento é um fenômeno natural para as comunidades às margens dos rios, porém, estava interligado a um conjunto de elementos de explicações cosmológicas construídos por essas comunidades. Antes esse processo se dava em outra temporalidade, estava dentro do ritimo natural do rio e da vida das pessoas que vivem às suas margens. Com isso, elas tinham como saber a que distância dos barrancos poderiam construir suas casas e quando teriam que se mudar para outro espaço, bastava ler os sinais dados pela natureza, a revoada de pássaros, o conselho de uma curandeira, entre outros. Havia também as explicações míticas para o desaparecimento desses lugares, como o afundamento causado pela cobra grande, recorrente em todo o madeira.
Agora com a interveção das Hidrelétricas as pessoas não tem nem tempo de interpretar os fenômenos, porque são obrigadas a sair de seus lugares, deixar tudo para trás, e viver longe do rio fora dos contextos de seus mundos. Antes, os desbarrancamentos também construíam memórias dos lugares e agora além de causarem desaparecimentos físicos, causam apagamento das mémórias dos lugares.

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