quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dia Internacional dos Povos Indígenas


  Peça da exposição de peças de Darcy Ribeiro em Brasília em homenagem ao dia internacional dos Povos Indigenas.
 
No dia 10 de agosto foi o dia Internacional dos Povos Indígenas, mas não vi muita divulgação sobre alguma comemoração, o que recebi foi noticias de conflitos, confrontos e etnocídios.
Na fronteira do Acre com Peru foi denunciado pelo chefe de coordenação Geral de Índios Isolados e confirmado pela Frente de Proteção etnoambiental localizada no igarapé Xinane que supostos paramilitares armados com fuzis e metralhadoras atravessaram a fronteira para exterminar indígenas isolados que estão fugindo do lado do Peru. Estes supostos paramilitares peruanos que invadiram o território brasileiro, realizaram "correria", isto é, fizeram matança organizada de indígenas isolados.
Não é só na fronteira do Acre com o Peru que o etnocídio vem acontecendo, em vários lugares da Amazônia e suas fronteiras de forma silenciada. Em Rondônia o grupo de indígenas livres-isolados que perambulam entre o território do Povo Karitiana e o do Povo Karipuna estão acuados com o desmatamento causado pelo empreendimento da hidrelétrica de jirau em Jací-Paraná e estão destinados ao desparecimento por causa do alagamento da área, as denuncias foram feitas, mas o empreendimento continua devastando tudo. Na tentativa de evitar a morte desse grupo uma equipe de contato de indígenas isolados da FUNAI tem feito algumas frentes para localizá-los e estabelecer algum contato, isso mais por interesse dos indigenistas do que mesmo da FUNAI.
Ainda em Rondônia o Povo Indígena Karitiana encontra-se na luta pela retomada de territórios antigos ocupados por diferentes clãs da etnia e com persistência e coragem resistem na retomada de dois espaços ocupados por fazendeiros, um no Cadeias do jamari e outro nas proximidades da aldeia central, no Rio Candeias construíram a aldeia Byjyty Osop Aky e no território tradicional antes de chegar na aldeia central do lado direito da BR 364 sentido Guajará Mirim foi construída a aldeia Juarí, nas duas aldeias as famílias são pressionadas pelos fazendeiros.
Não posso deixar de falar dos Karipuna que vivem no alto do rio Jaci que escaparam do total extermínio, mas encontram-se reduzidos devido o genocídio causado pelas guerras surdas entre seringalistas e grileiros de terra e a construção da Ferrovia Madeira Mamoré. Os mesmos agora se agarram nas compensações das Hidrelétricas de Santo Antônio pelo impacto ambiental, irreversível diga-se de passagem, para garantir o que foi negligenciado pelo Estado a anos, como por exemplo, a construção da escola e do posto de saúde. E o Povo Indígena Cassupá e Salamãi que se encontram no Km 5,5 da BR 364, sentido Cuiabá, desde o final da década de 60 depois de terem passado por uma longa trajetória de deslocamento e terem sido utilizados pelo SPI – Serviço de Proteção ao Índio nas frentes da atração de povos indígenas não contactados e depois da extinção do SPI foram deixados na área do antigo Ministério da Agricultura, onde se encontram atualmente. Hoje estão fazendo um pré-laudo da área ocupada culturalmente para garantirem um espaço vital de suas vidascom apoio de algumas instituições não governamentais. A Funai de Brasília não os reconhece como etnia indígena, e por esse motivo, não foram incluídos na compensação da empresa Santo Antônio Energia, eles apresentaram essa situação ao ministério público e reivindicam a compensação por terem feito um acordo com os Karipuna de formar uma comunidade na parte sul do território, onde ainda é mantida por eles algumas plantações e se revesam entre os homens para manter o lugar ocupado e colaborarem na fiscalização do território, não permaneceram com suas famílias na comunidade por falta de estrutura, escola atendimento de saúde e dificuldade de deslocamento.
Apesar das várias politicas de estado que visaram o apagamento das etnias indígenas, os Povos indígenas continuam existindo, resistindo e buscando alternativas de vida.
Por meio da rede Pan Amazônia recebi a notícia postada por Marquinhos Mota, Coordenador de projeto – rede FAOR, que em La Paz, Bolívia, no dia 11/8/2011 os Povos Indígenas das planícies orientais da Bolívia reeditarão, 21 anos depois, uma caminhada de 600 quilômetros em defesa das terras onde está prevista a construção de uma estrada de tráfego intenso e pesado, com apoio do governo brasileiro. A marcha contra a obra começará no dia 15, e unirá as cidades de Trinidad, capital do departamento de Beni (norte), com La Paz, onde fica a sede do governo nacional. A mobilização foi decidida após o fracasso do diálogo entre a Confederação Indígena do Oriente Boliviano e as autoridades encarregadas do projeto, que envolve uma vasta zona entre Beni e o central departamento de Cochabamba, rica em biodiversidade e que registra crescente expansão de cultivos de coca.
O protesto objetiva proteger 13 mil habitantes da área, membros dos grupos étnicos yuracarés, trinitários e chimanes, disse à IPS o dirigente Adolfo Moye, da subcentral do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), aberto opositor à estrada de 306 quilômetros que irá de Villa Tunari, em Cochabamba, a San Ignacio de Moxos, em Beni. Em setembro de 1990, uma marcha de indígenas das florestas e planícies bolivianas chegou a La Paz após um mês de caminhada, e conquistou o reconhecimento de quatro territórios ameaçados na época por empresas de exploração de madeira e outros recursos naturais.
A experiência se repetirá agora para exigir o respeito desse reconhecimento como território indígena, que foi confirmado com o decreto supremo 22610 de setembro de 1990, e amplamente apoiado na nova Constituição impulsionada pelo próprio Evo Morales, primeiro presidente de origem indígena da Bolívia. O texto constitucional proclama o respeito pela autonomia, cultura, terra e formas de governo tradicionais dos povos originários. (Fonte: envolverde.com.br.noticias-indígenas-em-pé-de-guerra-para-defender-território)
Na mesma rede foi informado que os Povos Indígenas buscam alternativas para crise Ambiental. Essa discussão se dará na primeira conferência dos povos da floresta, onde lideranças indígenas de nove países amazônicos debaterão temas globais no período de 15 a 18 de agosto em Manaus, Amazonas, Brasil.
Nesse encontro centenas de lideranças do Brasil, Bolívia Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname, se reúnem em Manaus, Amazonas, Brasil, no “Grande Encontro dos Povos – Saberes, Povos e Vida Plena em Harmonia com a Floresta”irão discutir, entre outras questões,o posicionamento político dos indígenas da Amazônia Internacional ou Pan-Amazônia frente às grandes questões mundiais como as mudanças climáticas, REDD, o mercado de carbono, as relações com as instituições financeiras multilaterais, e a repartição de benefícios sobre recursos genéticos e saberes tradicionais, dentre outras questões.
É Isso aí parentes! Para ser indígena tem que se garantir! E é o que tem feito os Povos Indígenas nesses mais de 500 anos...

Pisa ligeiro...Pisa ligeiro quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro!!!!! (TORÉ de povos indígenas do Nordeste que tem se tornado um canto presente nas manifestações indígenas do Brasil, inclusive aqui na Amazônia contra as hidrelétricas)


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