sábado, 30 de julho de 2011

experimentando o rapé Kaxararí





Estive no mês de Junho na aldeia Pedreira, uma das quatro aldeias existentes no Território do Povo Kaxararí para fazer a consulta sobre a implantação do Ensino Médio. A discussão foi importante, nela a comunidade expressou seus sonhos de futuro para seu povo. No final eu não poderia deixar de experimentar o famoso rapé Kaxararí o bom mesmo é quando é cheirado no aplicador. Muita gente que experimenta pela primeira vez o rapé dos Kaxararí não consegue se manter em pé... eu fiquei só um pouco zonza... mas aguentei.... Realmente esse rapé faz a gente retornar para a aldeia antiga...re.re..ree. Essa foi uma das últimas atividades que realizei antes de sair da educação escolar indígena a nível institucional, mas a parceria vai continuar....

Núcleo de Cultura Política do Amazonas - NCPAM: DEPOIMENTO CONTRA AS BARRAGENS DO RIO MADEIRA

Núcleo de Cultura Política do Amazonas - NCPAM: DEPOIMENTO CONTRA AS BARRAGENS DO RIO MADEIRA: "Marcia Nunes Maciel (*) A população ribeirinha, indígena, rural e urbana do município de Porto Velho – capital do estado de Rondônia -, d..."

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Metade lá... Metade cá... Metade em todo lugar...

Titulo inspirado na música Ibirapuera do Bado.


No dia 07 de Julho no final do dia embarcamos no porto do madeira e seguimos para o festejo de São Pedro em Nazaré e como no ano de 2009 encontramos o Dutika e foi uma festa!


Chegando em Nazaré as 1:00hrs da madruga ... (no barco encontrei primas e primos esse aí é meu primo Julião e sua família).
Fazer pesquisa de campo junto com os filhos tem dessas coisas..re..rer... (foi divertido!)

Meu primo Timaia que passou a assumir os festejos depois da morte do meu tio...

Hana e Cris que foram com a gente!

Tanan fotografado por Lucas na beira da boca do furo!

Lucas fotografado por Tanan na beirada da passarela que interliga a comunidade

Esse é o mastro onde fica o estandarte do padroeiro e as oferendas para uma colheita farta no próximo ano...

A dança do seringador apresentada no dia 09 de Julho..reinventando tradições e fortalecendo história e identidade de uma comunidade...


Eu... no meio de tudo isso sendo reinventada...







Duas semanas depois no dia 16 de Julho na Vila Madalena com Vanessa e Leandro numa roda de samba!

Na Paulista me deparo com uma passeata contra o código Florestal e as barragens no Alto Xingu

Na abertura do encontro da ANPUH com o Edinaldo - São Paulo

Eu e Marcela no intervalo do simpósio temático: Subjetividades: Construções de Narrativas em História (Coordenado por Fabíola e Suzana)

50 ANOS DE ANPUH e meu primeiro ano de participação...afes...

Apresentando o meu artigo: Lugar - Uma representação Possível no Simpósio Temático - Só quis mostrar que é possível situar um lugar e a história desse lugar sem necessariamente utilizar um mapa e fazer aquela velha constextualização Histórica... Apresentei a eles a música do seringador que atualiza a imagem do lugar Uruapiara de onde partiram as colaboradoras de minha pesquisa... Mas eu acho que ficou muito subjetivo e nem todo mundo conseguiu construir a imagem, nem construir uma imaginação do lugar por meio da narrativa contada e cantada... Mas enfim... Eu também poderia ter discutido o conceito de representação, de imaginação, de memória, de narrativa, feito várias relações conceituais e tal e tal, mas não fiz essa escolha...  O importante que quem está aberto para as várias possibilidades de interpretação viu alguma importância.... E o pior de tudo eu fiquei nervosa!  É isso aí vamos em frente!!!

Reencontro com essas grandes oralistas: Suzana, Fabíola e Andreia

Nosso reencontro... As duas Vanessas e eu... reforçando laços

Lembrando das experiências de CRUSP... Agora não... somos todas comportadas vejam... com pose de intelectuais. Tá pensando o que??!!!



Olha a Juju apareceu... que legal!


Fabíola, Vanessa, Aly e eu... rápido e especial encontro antes da partida... (obrigada Fá por tê-lo proporcionado)

... Chegando em casa ... Encontro com os amigos de cá

Olha nossa foto típica de quem fez o curso de História a 18 anos... kkkk
Não todos... Só o Iremar, Joeser e Cris, eu fiz a 16 anos kkkk (nossa!) e Deyvesson, Ariana e Xênia vieram depois, (aqui são representantes de 04 gerações), mas o importante que tivemos um espaço em comum o Centro de Hermenêutica... Vieram me dar um abraço e dizer que estavam felizes por mim... que lindo!!!! Lembramos das ausências presentes: Ednéia, Alberto, Neide e Fabíola... O Manu também interagiu com esse grupo e fez falta....

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Aprendendo na escola Kyowã

Numa das atividades de construção pedagógica junto com professores indígenas, não indígenas e os estudantes Karitiana, tive a oportunidade de ter uma aula de história da chegada da língua portuguesa na Terra Indígena Karitiana. A ideia era fazer uma contextualização histórica do surgimento da escrita e nesse contexto falar de onde vem a língua portuguesa e como ela chegou até os Povos Indígenas. Tudo isso foi feito, eu expliquei tudo direitinho como uma boa professora de história e depois de ter feito todas as contextualizações eu perguntei para turma como foi que a língua portuguesa chegou até eles. Aí a aula começou e não foi eu que dei essa aula não, foi um aluno do primeiro ano do ensino médio da escola Kyowã. Ele já foi professor de cultura masculina do Ensino Fundamental e agora é candidato novamente para a função. Eu fiquei muito contente de poder vivenciar essa experiência de construção do conhecimento de forma coletiva. Depois de ter ouvido a narrativa do aluno eu solicitei a ele que escrevesse a narrativa. Ele escreveu e me entregou no outro dia, hoje eu a digitei para incluí-la no material que estou elaborando com produções de mapas temáticos e histórias dos espaços do território indígena Karitiana produzido pelos alunos. Divulgo esse texto para mostrar para algumas pessoas que não acreditam que os próprios indígenas são capazes de produzirem seus materiais didáticos ou mesmo assumir turmas no ensino médio, mas para além disso, porque por meio desse texto é possível perceber uma história do contato e da educação escolar com o Povo Indígena Karitiana que se deu primeiro por seringueiros, os padres salesianos, SPI até chegar a FUNAI e depois a SEDUC. Leiam com atenção! pois poderão aprender muito assim como eu. Como um dos objetivos da atividade desenvolvida em conjunto com o professor Carlos de português era ele apresentar depois da contextualização histórica as diferentes formas de documento que já são ulitilizados pelas comunidades indígenas tornando a escirta portuguesa um instrumento de luta, o aluno escreveu o relato da sua narrativa e apresentou em forma de relatório, pois o grupo dele ficou responsável de fazer um relatório enquanto outros elaboraram atas e oficios.

TEXTO

Relatório da aula sobre a história da Escrita
Por Antônio José Karitiana

A aula sobre a História da Escrita e o contato do homem branco com o indígena Karitiana foi ministrada pelo professor Carlos e pela professora Márcia.
No dia 26 de maio de 2011 aconteceu uma pequena reunião com os alunos no pátio da escola. Durante a aula os professores quiseram saber como foi o contato com o não indígena. Foi quando eu contei um pouco da história de como nós Karitiana ouvimos pela primeira vez alguém falar em português.  Então contei que o primeiro contato dos Karitiana como os nãos indígenas foi através do seringueiro.
Assim que apareceu o primeiro homem branco nós falamos com ele na nossa linguagem, mas os Karitiana não entendia nada do que ele falava e do que ele queria. Já que o indígena não entendia nada do que aquela pessoa falava ele apontava o dedo para o chumbo e o homem branco dava sal, depois nós resolvemos fugir para outro lugar. Nunca mais esse homem branco voltou. Passamos tempo nesse local e depois apareceu outro branco, dessa vez era um padre. Ele veio subindo o rio, nessa época o colonizador procurava pedras preciosas.
O pescador indígena foi quem encontrou a pessoa subindo o rio acima e voltou para contar para seu povo. Assim, todos ficaram sabendo que ia chegar o homem branco e ficamos aguardando. Com dois dias ele e outros que estavam com ele chegaram ao local onde os indígenas estavam. Assim, eles se apresentaram para o Povo Karitiana. Eles davam comida e vestuário. O Povo Karitiana não vestia roupa igual a do branco, e ,por isso, o padre distribuiu as roupas e nós começamos a usar essas roupas.
O padre passou uns dias na nossa aldeia e depois continuou a viagem com o pessoal que estava com ele. Eles continuaram a subir o rio e depois de três dias retornaram para a aldeia. Depois o padre resolveu ir embora. Foram quatro indígenas com ele até o varador que chegava na BR 364 que na época era de chão. Depois que chegaram lá os quatro indígenas retornaram para a aldeia.
Assim, quando o padre chegou na cidade foi diretamente procurar a autoridade que tinha interesse em cuidar dos indígenas. Assim, surgiu o SPI – Serviço de Proteção ao Índio que depois de um longo tempo se tornou FUNAI. Aí o SPI mandou seu funcionário trabalhar com os indígenas, foi quando chegou o Francisco para chefiar a aldeia, mas o Povo Karitiana não gostou do trabalho que ele fazia porque ele aprontava muito com as mulheres indígenas.
Os jovens da nossa aldeia que sabia falar com as autoridades resolveram ir para a cidade conversar com o coronel e a federal, assim, eles conseguiram fazer um documento e o Francisco, chamado por nós de Chico burro porque ele era malvado, saiu do trabalho de chefia na nossa aldeia. Então esses dois rapazes ficaram alegres, o nome deles era Antônio Garcia Karitiana e o Cizino Karitiana Danto Moraes .
Depois disso, apareceram dois trabalhadores não indígenas na aldeia, um era o Amauri e o outro era Fernando Cardoso. Fernando trabalhava de dar aula para os jovens indígenas. Assim, nós aprendemos a conhecer e falar a língua portuguesa. O outro trabalhador, o Amauri chefiava a aldeia e se apaixonou por uma índia e se matou com um revolver.


terça-feira, 5 de julho de 2011

Fumaça... Fumaça.... Fumaça....

Todo ano é assim, nessa época na Amazônia, fumaça, fumaça, fumaça... Vivi essa fase em Manaus em 2009 e a na madrugada olhava pela janela e via o ceu escuro de tanta fumaça, a imagem era de fim de mundo... Chega me dava medo.... Aqui em Porto Velho não é diferente quando não estou fora sofro muito nessa época, fico indignada porque tem campanha nos meios de comunicação para evitar queimadas acidentais, e para não fazer queimadas ilegais, mas não adianta todo ano é a mesma coisa. O imaginário do queimar é muito forte. As pessoas juntam umas folhinhas secas em seus quintais e tocam fogo, juntam um lixo em frente das casas e queimam, tudo... qualquer coisa queimam, fora as queimadas grandes as propositais  e as acidentais, chego a ficar desesperada quando vou esse período para a área ruaral você segue na estrada e dos lados tudo em chamas ou tudo cinza... É uma imagem muito triste. Esse ano já começou a temporada da Fumaça.... Agora mesmo estava eu aqui na frente do computador do lado da janela na sala da minha casa e tive que simplesmente fechar a janela porque a fumaça está muito forte, eu  senti o cheiro da fumaça, meu olho começou a arder e comecei a tossir... Que inferno!... Estão acabando com tudo mesmo!....