segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Diante de tantas possibilidades de ser eu gostaria de poder dizer de qual etnia indígena eu pertenço

 Fotografada por Curt Nimuendajú

Chefe Munduruku em Santarém - desenho de Hercules Florence
(segundo desenhista da expedição organizada por Gregory Iranavich Langsdorf - Partindo do Rio de Janeiro, para São Paulo chegando à Amazônia, por via fluvial).

As práticas de descimentos indígenas realizadas no período colonial, disputas de mão de obra indígena, missões e no decorrer de todo processo histórico as generalizações, introdução dos indígenas na sociedade nacional ocasionaram o apagamento da identidade indígena...  Minha família fez parte desse processo... A história indígena foi apagada... Os vestígios que restaram são poucos e me levam até os Mura por ascendência paterna e aos Munduruku por ascendência materna... Mas essa referência precisa de mais elementos para sustentar um reconhecimento de outrem.... Mas como toda identidade é uma construção eu vou construindo a minha e criando significações...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Manifesto sobre a situação na base de Frente de Proteção Etnoambiental no Xinane

Indígenas isolados perseguidos por paramilitares do Peru na fronteira Acre com Peru.
Fonte:http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/files/2011/08/isolados.jpg
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Dom, 07 de Agosto de 2011 22:03
A Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) afirma seu apoio à equipe que integra a Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira (FPERE), no rio Xinane, nas proximidades do Paralelo 10º, a 32 Km da fronteira peruana, em sua decisão de permanecer na base da frente, a despeito dos riscos e ameaças diante da invasão de paramilitares até que as autoridades competentes assumam a responsabilidade de proteção dos índios isolados e dos demais povos que vivem na região.
O sertanista José Carlos Meirelles, os mateiros Marreta (Francisco Alves da Silva Castro) e Chicão (Francisco de Assis Martins de Oliveira), Artur Meirelles, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental do Rio Envira (FPERE/FUNAI), e Carlos Travassos, da Coordenação Geral dos Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC/FUNAI), integram esta equipe que decide afirmar seu compromisso em defesa destas populações.
Desde o início da década de 2000, a CPI/AC chama atenção para a relação dos índios isolados com as dinâmicas de fronteira e suas influências em terras indígenas demarcadas no limite entre Brasil e Peru, abrangendo o estado do Acre e o departamento de Ucayali. A ameaça do tráfico de drogas, atrelado à exploração ilegal de madeira e facilitado com as grandes obras de infra-estrutura sempre foi uma preocupação no tocante aos povos que transitam por entre as fronteiras nacionais. Estes desafios que causam o deslocamento dos povos isolados para áreas onde possam ter acesso principalmente à comida e segurança acabam por aproximá-los mais das aldeias de outros parentes. Com a emergência de novos desafios na fronteira, as relações territoriais nas imediações e nas próprias terras indígenas levam a mudanças nos padrões de deslocamento dos isolados. Estes padrões mudam dadas estas pressões. Contudo, os indígenas de terras já demarcadas e reconhecidas não sabem ou entendem muito claramente o que causa o deslocamento e as pressões, o que leva a uma condição de incerteza com relação à autonomia territorial que pode despertar possibilidade de conflito.
No início de julho de 2011, a CPI/AC esteve presente em coletiva na FUNAI sobre a temática dos isolados, dada a divulgação na imprensa sobre eles estarem na iminência de conflito com outros grupos indígenas por causa de seu deslocamento. Nesta ocasião, chamou-se a atenção para o fato de que o problema dos isolados na região de fronteira, tal qual é a situação do Envira, não poderia ser descolada das questões de segurança e soberania nacional. Ficou claro, neste momento, que a temática indígena, de seus territórios e, em última instância, de seus direitos à vida digna enquanto seres humanos é também relativa à soberania e merece igual atenção. Além disso, desde o início da história do Acre e de outros territórios de fronteira no Brasil, os índios sempre foram fator predominante para se dizer que o território era brasileiro, e que a terra merecia ser protegida.
Dessa forma, é preciso que no momento em que sua vida e seus modos de vida estejam sendo ameaçados, bem como daqueles que os defendem, os órgãos responsáveis constitucionalmente pela defesa deste território estejam a postos para protegê-los e, bem como os servidores dos órgãos responsáveis, constitucionalmente por defendê-los. Neste sentido, trabalhar para que a cultura, territorialidade e identidade indígena sejam preservadas, é fundamental para que os direitos indígenas, incluindo aquele de determinar sua própria vida, não sejam esvaziados em situações como as dos isolados, esquecidos nas fronteiras brasileiras.
Sendo assim, a demora e a falta de apoio que os membros da FPERE/FUNAI e da CGIIRC/FUNAI estão tendo para cuidar da invasão e do saque ocorrido no Xinane é, no mínimo, falta de respeito e cuidado com estas populações. Isto os deixa na iminência de práticas genocidas já ocorridas na região acreana e nas fronteiras. Nesta época, a sabedoria indígena já era importante ferramenta para definir as fronteiras políticas e expandir as fronteiras econômicas, ainda que os índios continuassem esquecidos, não compondo o projeto desenvolvimentista oficial, que é muito mais antigo do que os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento.  Contemporaneamente, fora da agenda de expansão e cooperação comercial do país, os índios isolados continuam fora da pauta, à margem dos direitos humanos e da humanidade, não dado o seu isolamento, mas ao desrespeito com suas condições de vida.
A despeito de ser signatário da Declaração das Nações Unidas Para os Povos Indígenas e da Convenção 169 da OIT, que coloca o direito a se determinar de maneira sustentável dentro dos costumes comunitários como essencial, o Brasil não dá o devido cuidado à temática indígena, quando esta se confronta com desenvolvimento e com as políticas de fronteira. Com relação às últimas, indígenas não são reconhecidos como atores relevantes para a formulação e execução de ações. Dessa forma, quando vemos os membros da frente desamparados no posto de controle ao tentar defender estes direitos e o protagonismo indígena em tais situações, indignamo-nos. Por acreditar que isto é essencial para a segurança e sobrevivência dos índios isolados, assim como para a autonomia na gestão e segurança dos territórios daquelas comunidades já reconhecidas constitucionalmente habitando áreas fronteiriças, a CPI/AC busca fortalecer a inclusão deste problema nas agendas de política pública. A integração e a conversação entre as comunidades e poder público é a única via para a resolução desta situação. Acreditamos ser esta a verdadeira integração. Se os governos peruano e brasileiro estão empenhados em investir na integração de suas estruturas, então a segurança das fronteiras e das populações nela presentes é marco fundamental da mesma cooperação.
A CPI/AC manifesta, assim, apoio à decisão do grupo que decidiu ficar na base e defender os índios isolados sob ameaça de genocídio pela ação de supostos paramilitares peruanos. Todavia, pensa-se que esta via de diálogo e ação, em consonância com as comunidades de forma imediata, vinda por parte das Forças Armadas, Ministério da Defesa e Ministério da Justiça é necessária e urgente. É preciso que os governos estadual e federal, bem como o governo peruano, reconheçam que os índios foram, são e sempre serão parte relevante da política e das dinâmicas nacionais, especialmente na fronteira. Agora, com sua segurança ameaçada, esperamos que a defesa da soberania nacional não se sobreponha e se desconecte mais uma vez dos direitos e da política indigenista e da política dos índios.  É preciso tratar do assunto de forma integrada e entender que, neste caso, a segurança nacional estará ligada a defesa da vida, não apenas da nação, mas daqueles que vivem, sobrevivem e fazem a região do Envira ser o Brasil que é.
Por isso, urgimos ao poder público responsável que apóie e aja segundo suas prerrogativas constitucionais e internacionais. Ademais, pedimos que a sociedade política, que é muito mais que o governo, mobilize-se sobre o assunto em parceria com as organizações que já trabalham com o assunto a fim de que possamos exigir decisões acertadas sobre o assunto.
Rio Branco, 07 de agosto de 2011.
Comissão Pró-Índio do Acre
ERRAMOS
PAC - Programa de Aceleração do Crescimento

Fonte:http://www.cpiacre.org.br/1/index.php?option=com_content&view=article&id=143:manifesto-sobre-a-situacao-na-base-de-frente-de-protecao-etnoambiental-no-xinane&catid=35:noticias&Itemid=55

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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dia Internacional dos Povos Indígenas


  Peça da exposição de peças de Darcy Ribeiro em Brasília em homenagem ao dia internacional dos Povos Indigenas.
 
No dia 10 de agosto foi o dia Internacional dos Povos Indígenas, mas não vi muita divulgação sobre alguma comemoração, o que recebi foi noticias de conflitos, confrontos e etnocídios.
Na fronteira do Acre com Peru foi denunciado pelo chefe de coordenação Geral de Índios Isolados e confirmado pela Frente de Proteção etnoambiental localizada no igarapé Xinane que supostos paramilitares armados com fuzis e metralhadoras atravessaram a fronteira para exterminar indígenas isolados que estão fugindo do lado do Peru. Estes supostos paramilitares peruanos que invadiram o território brasileiro, realizaram "correria", isto é, fizeram matança organizada de indígenas isolados.
Não é só na fronteira do Acre com o Peru que o etnocídio vem acontecendo, em vários lugares da Amazônia e suas fronteiras de forma silenciada. Em Rondônia o grupo de indígenas livres-isolados que perambulam entre o território do Povo Karitiana e o do Povo Karipuna estão acuados com o desmatamento causado pelo empreendimento da hidrelétrica de jirau em Jací-Paraná e estão destinados ao desparecimento por causa do alagamento da área, as denuncias foram feitas, mas o empreendimento continua devastando tudo. Na tentativa de evitar a morte desse grupo uma equipe de contato de indígenas isolados da FUNAI tem feito algumas frentes para localizá-los e estabelecer algum contato, isso mais por interesse dos indigenistas do que mesmo da FUNAI.
Ainda em Rondônia o Povo Indígena Karitiana encontra-se na luta pela retomada de territórios antigos ocupados por diferentes clãs da etnia e com persistência e coragem resistem na retomada de dois espaços ocupados por fazendeiros, um no Cadeias do jamari e outro nas proximidades da aldeia central, no Rio Candeias construíram a aldeia Byjyty Osop Aky e no território tradicional antes de chegar na aldeia central do lado direito da BR 364 sentido Guajará Mirim foi construída a aldeia Juarí, nas duas aldeias as famílias são pressionadas pelos fazendeiros.
Não posso deixar de falar dos Karipuna que vivem no alto do rio Jaci que escaparam do total extermínio, mas encontram-se reduzidos devido o genocídio causado pelas guerras surdas entre seringalistas e grileiros de terra e a construção da Ferrovia Madeira Mamoré. Os mesmos agora se agarram nas compensações das Hidrelétricas de Santo Antônio pelo impacto ambiental, irreversível diga-se de passagem, para garantir o que foi negligenciado pelo Estado a anos, como por exemplo, a construção da escola e do posto de saúde. E o Povo Indígena Cassupá e Salamãi que se encontram no Km 5,5 da BR 364, sentido Cuiabá, desde o final da década de 60 depois de terem passado por uma longa trajetória de deslocamento e terem sido utilizados pelo SPI – Serviço de Proteção ao Índio nas frentes da atração de povos indígenas não contactados e depois da extinção do SPI foram deixados na área do antigo Ministério da Agricultura, onde se encontram atualmente. Hoje estão fazendo um pré-laudo da área ocupada culturalmente para garantirem um espaço vital de suas vidascom apoio de algumas instituições não governamentais. A Funai de Brasília não os reconhece como etnia indígena, e por esse motivo, não foram incluídos na compensação da empresa Santo Antônio Energia, eles apresentaram essa situação ao ministério público e reivindicam a compensação por terem feito um acordo com os Karipuna de formar uma comunidade na parte sul do território, onde ainda é mantida por eles algumas plantações e se revesam entre os homens para manter o lugar ocupado e colaborarem na fiscalização do território, não permaneceram com suas famílias na comunidade por falta de estrutura, escola atendimento de saúde e dificuldade de deslocamento.
Apesar das várias politicas de estado que visaram o apagamento das etnias indígenas, os Povos indígenas continuam existindo, resistindo e buscando alternativas de vida.
Por meio da rede Pan Amazônia recebi a notícia postada por Marquinhos Mota, Coordenador de projeto – rede FAOR, que em La Paz, Bolívia, no dia 11/8/2011 os Povos Indígenas das planícies orientais da Bolívia reeditarão, 21 anos depois, uma caminhada de 600 quilômetros em defesa das terras onde está prevista a construção de uma estrada de tráfego intenso e pesado, com apoio do governo brasileiro. A marcha contra a obra começará no dia 15, e unirá as cidades de Trinidad, capital do departamento de Beni (norte), com La Paz, onde fica a sede do governo nacional. A mobilização foi decidida após o fracasso do diálogo entre a Confederação Indígena do Oriente Boliviano e as autoridades encarregadas do projeto, que envolve uma vasta zona entre Beni e o central departamento de Cochabamba, rica em biodiversidade e que registra crescente expansão de cultivos de coca.
O protesto objetiva proteger 13 mil habitantes da área, membros dos grupos étnicos yuracarés, trinitários e chimanes, disse à IPS o dirigente Adolfo Moye, da subcentral do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (Tipnis), aberto opositor à estrada de 306 quilômetros que irá de Villa Tunari, em Cochabamba, a San Ignacio de Moxos, em Beni. Em setembro de 1990, uma marcha de indígenas das florestas e planícies bolivianas chegou a La Paz após um mês de caminhada, e conquistou o reconhecimento de quatro territórios ameaçados na época por empresas de exploração de madeira e outros recursos naturais.
A experiência se repetirá agora para exigir o respeito desse reconhecimento como território indígena, que foi confirmado com o decreto supremo 22610 de setembro de 1990, e amplamente apoiado na nova Constituição impulsionada pelo próprio Evo Morales, primeiro presidente de origem indígena da Bolívia. O texto constitucional proclama o respeito pela autonomia, cultura, terra e formas de governo tradicionais dos povos originários. (Fonte: envolverde.com.br.noticias-indígenas-em-pé-de-guerra-para-defender-território)
Na mesma rede foi informado que os Povos Indígenas buscam alternativas para crise Ambiental. Essa discussão se dará na primeira conferência dos povos da floresta, onde lideranças indígenas de nove países amazônicos debaterão temas globais no período de 15 a 18 de agosto em Manaus, Amazonas, Brasil.
Nesse encontro centenas de lideranças do Brasil, Bolívia Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname, se reúnem em Manaus, Amazonas, Brasil, no “Grande Encontro dos Povos – Saberes, Povos e Vida Plena em Harmonia com a Floresta”irão discutir, entre outras questões,o posicionamento político dos indígenas da Amazônia Internacional ou Pan-Amazônia frente às grandes questões mundiais como as mudanças climáticas, REDD, o mercado de carbono, as relações com as instituições financeiras multilaterais, e a repartição de benefícios sobre recursos genéticos e saberes tradicionais, dentre outras questões.
É Isso aí parentes! Para ser indígena tem que se garantir! E é o que tem feito os Povos Indígenas nesses mais de 500 anos...

Pisa ligeiro...Pisa ligeiro quem não pode com a formiga não assanha o formigueiro!!!!! (TORÉ de povos indígenas do Nordeste que tem se tornado um canto presente nas manifestações indígenas do Brasil, inclusive aqui na Amazônia contra as hidrelétricas)