quinta-feira, 12 de julho de 2012

Enfim, não foi fácil, mas acabei por viver muito nesses cinco meses que estão quase ao fim.





Grande encontro com caçiuqe Raoni - Xingu
Eu e Iremar na articulação dos quatro rios: Madeira, Tapajós, Teles Pires, Xingu - (passeata da cúpula dos povos)
Eu e minha nova amiga do Tapajós na luta contra a construção da hidrelétrica no Tapajós

Faltam 14 dias para o meu retorno para casa. Estou feliz! Desde a minha chegada a São Paulo meu desejo foi sempre o retorno, embora tenha contato os dias para a chegada do fim do semestre, não deixei de fazer coisas importantes. Vejo que as disciplinas que escolhi e as relações que fui estabelecendo com outros grupos enriqueceram-me e apontaram rumos para a minha formação mais ampla, tudo interligado a minha pesquisa. Foi fundamental ler a historiografia dos séculos XVII ao XIX para exercitar a crítica ao projeto de extermínio dos Povos Indígenas, assim como foi de extrema importância estudar as mitológicas do Lévi Strauss, entender mais sobre o pensamento Ameríndio.  Diante de tantas possibilidades de saber tento agora organizar tudo na minha cabeça e seguir meu caminho de leitura, vivências e escritas. Nesse caminho também foram importantes as leituras dos pós-colonialismo como possibilidade de descentralização eurocêntrica, e os encontros com os que se disporam a ler e debater sobre História oral na América Latina e seus desdobramentos políticos, proporcionadas pelos encontros de leituras do Núcleo de História Oral – NEHO. O importante que os estudos na academia não me distanciaram das lutas no Madeira, ao contrario, participei de debates sobre hidrelétricas, me posicionei, fui para a cúpula dos povos na Rio + 20 me juntar com meus parentes do Xingu, do Tapajós e Teles Pires e todos os aliados do mundo. Vou apresentar o doc: Desbarracados no encontro de história pública que inicia no dia 16 e vai até dia 20 na USP, participei da Reunião Brasileira de Antropologia e interagi com as reflexões sobre uma Antropologia em ação com reflexão – onde as problemáticas amazônicas ganharam destaque e agora estou aqui no Rio de Janeiro no encontro de Nacional História Oral, assistindo apresentações de pesquisa, onde também apresentei a minha, debatendo, aprendendo, revendo amigas e amigos e fazendo novos contatos! E isso aí estou em ação. Ah! e nessa jornada houve um grande encontro com o Tupi moderno, que tem gerado em mim um grande interesse em aprender uma língua intermediária que representa bem aquilo que resultamos do processo de contato com os europeus. Não somos mais como foram nossos antepassados antes do contato, perdemos nossa língua, nossos parentes, nossos territórios, mas entre o português e uma língua construída a partir do contato, embora tenha sido instrumento utilizado pelos Jesuítas para catequizar, pelos comerciantes para comercializar, pelos bandeirantes para escravizar e matar, foi a que restou aos que perderam suas línguas e, por isso, ela continua sendo falada por alguns povos indígenas da Amazônia que a adotaram, e por isso eu quero aprendê-la.  Enfim, não foi fácil, houve momentos de desesperos, de angústias, insatisfações, rompimentos, descobertas, alguns porres, mas também, de estudos e de saberes/sabores, como os filmes no cinusp, o encontro com os amigos, as visitas do Iremar, e é calro que eu não iria deixar de mencionar os saborosos encontros na roda de leitura de Guimarães Rosa. Acabei por viver muito nesses cinco meses que estão quase ao fim.

7 comentários:

  1. vez ou outra passo por aqui... gosto de ler seus textos, relatos de suas experiências... Bjo seja bem vinda novamente e sempre!

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  2. Estamos por aqui na luta... ti aguardando.

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  3. você será sempre bem-vinda, flor.
    me ligue quando chegar. (Xênia)

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