domingo, 17 de maio de 2015

Compartilhando literatura indígena

Depois de tantos convites da Arigóca  para fazer alguma participação num de seus projetos de valorização da identidade Amazônica, enfim, pude participar da programação Amazônia das Artes do SESC/RO - 2015, onde a Arigóca está com um espaço paralelo. Arigóca é uma casa no bairro Arigolândia - um dos primeiros bairros de Porto Velho/RO. O nome Arigóca e arigolândia vem de arigó, nome dado, de mogo geral, para os nordestinos, ou outras pessoas que migravam para a Amazônia para trabalhar nos espaços de seringais e não tinha conhecimento da floresta. Sendo, assim, a casa Arigóca é um espaço de literatura, histórias, vivências, artes que valorizam a identidade amazônica e para além do espaço físico da casa tem feito parcerias com outros espaços e feito intervenções culturais. Eu ainda não tinha ido dar minha contribuição em suas atividades, não é porque eu não queria, mas, porque, a prioridade no momento tem que ser a tese de doutorado, meu compromisso político de registrar a memória de ocupação indígena no rio Madeira e o modo de ser indígena presente nas comunidades existentes às margens desse rio. Por esse motivo, tenho que limitar as minhas ações em outros espaços. Dessa vez, me senti mais que na obrigação de aceitar o convite para falar de literatura indígena, pois esse também é um compromisso político e uma maneira de agradecer a grupo de escritores e escritoras indígenas por terem me acolhido de forma tão carinhosa! Deixo aqui um trecho do texto de Daniel Munduuku que é a apresentação da revista Leetra Indígena, n. 02-2013: "Nossa literatura está intrinsecamente ligada à nossa compreensão cosmológica. Ela não é redutível a conceito ou definições capazes de fazer descrições sobre possibilidades de se encaixar aqui ou ali. Ela é um modo de se posicionar em um mundo em constante mutação. Não necessariamente ao mundo atual e às suas transformações. Nossa literatura é anterior ao quadradismo ocidental e à mesquinharia capitalista; ao endeusamento do indivíduo em detrimento do coletivo; ao encapsulamento dos conceitos promovidos pela escrita; ao esfacelamento do humano a favor da máquina. Nossa literatura está além das cosmologias étnicas trazidas pelas ciências humanas que deformaram as essências colocando em seu lugar aparências conceituais criadoras de divisão". Depois dessa citação, acredito que ficou entendido que a perspectiva indígena com a escrita definida como literária se distingue da visão canônica de literatura no pensamento não indígena, ocidentalizado.












  

sábado, 16 de maio de 2015

Iwi-wara-itá umbeú arama aintá rikuesawa marandua - Maã taá yariku kuá irumu? Dia para todos os habitantes da Terra contarem as histórias de suas vidas - O que temos a ver com isso?



Na noite de 14 de maio a Maloca querida recebeu o circulo de memórias coordenado pela professora Marcelle Pereira da Universidade Federal de Rondônia, juntamente com outros convidados e convidas que atuam em projetos de fortalecimento da identidade das comunidades as margens do rio Madeira, bem como, os parentes da família Mura que habita a Maloca querida. Foi um dia de compartilhar experiências de vida. Nesse mesmo dia o núcleo de estudos em história oral, NEHO/USP realizou um encontro para debater sobre "Vida da história oral de vidas" Por ter como proposta construir narrativas em colaboração e fazê-las ecoar não apenas para que uma realidade seja constatada, mas também para modificá-la, de forma que a comunidade se aproprie dessas narrativas como instrumentos para fortalecimento político do coletivo. 

O Neho trouxe para suas atividades as narrativas dramáticas - Ato de incorporar uma narrativa fazendo a performance da voz e do corpo a partir da proposta do dia Internacional de contar histórias de vidas criada pela rede internacional de Museus da Pessoa (Brasil, Portugal, EUA e Canadá) e o Center for Digital Storytelling (EUA) que lançaram uma campanha mundial para celebrar em 16 de maio o dia Internacional de Histórias de Vida. A proposta é que nesse dia todo o mundo possa lembrar a importância do registro e socialização de experiências de vida.


Nesse sentido, lembrando da proposta do professor José Carlos Sebe Bom Meihy de descolonizar a história oral, nós da Maloca Querida, em parceira com Instituto Madeira Vivo e o grupo de circulo de Memórias da Universidade Federal de Rondônia, Nos propormos a devorar de forma antropofágica - A criação desse dia e nos reunirmos, parentes e aliados na Maloca querida para comemorar o dia contar histórias de vida e fazermos nossa roda para compartilharmos experiências de vidas como é costume fazer nas malocas... E como proposta de descolonizar a nossa própria língua nomeamos o encontro em nheengatu Iwi-wara-itá umbeú arama aintá rikuesawa marandua - Maã taá yariku kuá irumu? Que vem do tupi e foi língua utilizada pela colonização e hoje se tornou língua materna de alguns Povos indígenas, é uma das línguas indígenas oficializadas em São Gabriel da Cachoeira e tem sido tomada como instrumento por comunidades que se encontram no processo de reafirmação indígena e retomada cultural.



















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