sábado, 17 de dezembro de 2011

O Cemitério e a Vila da Candelária - Histórias, memórias, esquecimentos...

Novas habitações para as famílias remanejados da Baixa da União no cai nágua - Projeto do PAC cidade. O problema é que não é levado em conta os modos de habitar da Amazônia e as relações afetivas estabelecidas nas comunidades, nem sempre as famílias das mesmas comunidades ficam juntas. Além de outras implicações.
 
Antigo orfanato Belisário Pena. Atual escolinha infantil na entrada da vila da Candelária. Na década de 50 as crianças que nasciam de mães com hanseníase eram tirados de suas mães e levadas para esse orfanato.

 Iremar e nosso visitante das ciências sociais formado na USP que veio conhecer a Amazônia. Ao fundo o Rio Madeira e uma ponta do aterramento da Usina de Santo Antônio.
 visão da margem do outro lado do Rio Madeira.
 Um rebocador.
 Suportes para balsas
 Os trilhos da Ferrovia Madeira Mamoré. Desde a época do império idealizava- se a construção de uma ferrovia na Amazônia Ocidental tida como Vazia. Pois com a revolução industrial uma estrada de ferro representava a modernidade.
 Essas máquinas hoje tomadas pelo mato já foram a representação do progresso no século XIX.
 Cemitério das locativas...
Iremar com seu arco e flecha imaginário. Lembrando os Karipuna que tiveram seu território atravessado pela ferrovia e sofreu a diminuição demográfica inrrecuperável até nossos dias.

Lembrei da minha infância em que me encantava vendo a ferrovia passar apitando.

 Lembrei quando ia com minha avó na casa da minha tia que tinha uma casa assim perto da ferrovia.
 Debaixo do assoalho elementos da vida na beira do rio...
 O Cemitério daqueles que perderam suas vidas na construção da Ferrovia Madeira Mamoré.


 O caminho daqueles que não voltaram



 Embora sendo área Federal as únicas sepulturas inteiras que vimos foram três, as outras desmoronaram ou desaparecem no mato.
 Km da ferrovia - Vestígios de outro tempo


 Modos de habitar
 Reapropriação do espaço
 Na beira do Madeira - entre o rio e a ferrovia.
 Olha aí o Quilombo Odomiô- Novos espaços de reinvenções e reafirmações de identidade Afro.

 Na vila Candelária - Essa família que estava indo pescar no Rio Madeira deixaram-se fotografar.

 A vila Candelária foi construída na época da Ferrovia Madeira Mamoré.
 Falando nisso olha só com quem nos encontramos, um descendente dos trabalhadores que vieram no século XIX trabalhar na ferrovia Madeira Mamoré. Que se colocou a falar de seu avó e seu pai.



PAC - projeto de aceleração da cidade????

Sem elevador os idosos tem dificuldade de se deslocar. Sem ar condicionado o jeito é agüentar, sem quintal as relações de vizinhança se complicam???

 De volta pelo trajeto que vai para a Vila de Santo Antônio. Onde começou Porto Velho. Mas estávamos indo no sentido da saída. No percurso alguns registros: Arvore de natal com materiais recicláveis (dvd e pete) a reinvenção do sujeito! Ao lado o pé de Tucumã, fruta da Amazônia que eu tanto gosto!


 Alguns elementos que ainda não foram arrancados do lugar: bananal e açaizal.

 Depois dos nossos registros fomos para o mercado central pero da estação da Ferro via Madeira Mamoré, ao lado do Rio Madeira. O Iremar comeu uma buchada de bode eu e Daniel uma galinha caipira com um caldo com tucupi, chicória e jambu e cheiro verde. Uma delícia!
O tucupi
 Como dizia a vovó: " pilula
do mato" Remédio da época do seringal bom para um monte de coisa inclusiva para verme.
 O espaço das ervas naturais!
 
 Neste sábado, 17 de dezembro revisitei os lugares por onde andava na infância com minha avó, passei pelo bairro onde morei (o triângulo, mas lá foi só de passagem de carro indo para o mercado central), e junto com Iremar e Nosso visitante de São Paulo, das Ciências Sociais, andamos pela vila da Candelária. Encontramos os vestígios de um progresso do século XIX jogado as traças, modos de viver amazônicos, pessoas nos seus cotidianos. Comprimentamos os moradores, trocamos olhares, sorrisos, sentimos o cheiro e o gosto do taperebá (cajá) e registramos o nosso olhar de um espaço em intervenção. Entre o tempo do viver a beira na beira do rio, das fruteiras e das pescarias e mais uma leva de progresso vindo de fora, antes porque era tido como vazio, agora porque dizem que é para todos se desenvolverem??? Porque não podemos ter saneamento básico, escolas, postos de saúde, investimento na cultura local, sem precisar pagar com a violação do rio e de vidas? E ao fim e ao cabo a cidade incha poucas escolas são construídas, e das poucas, ainda são mal feitas, vem a tempestade e leva tudo, os postos, as escolas não dão conta de atender a população. A violência aumenta, os preços também, e ainda surge os moradores de rua.  Ficamos sem nossos lugares, as periferias continuam sem saneamento básico, com as chuvas fica tudo alagado, os ratos e as pessoas atravessam as poças de lamas que tomam a rua... e outros vários problemas e aí nos peguntamos: Que desenvolvimento é esse? E para quem?















4 comentários:

  1. Adorei esse post, grata por compartilhar essa 'viagem'...

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    1. Eu que agradeço por ter se interessado por ela.
      Abraços

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    2. A memória de uma viagem se torna um ensaio etnográfico sob o olhar de Márcia Nunes Maciel... parabéns!

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    3. um olhar construído junto com vc amore!

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