
Em
2008 ao invés de voltar para USP resolvi ir em busca de um tempo perdido, quis
conhecer melhor o mundo do qual minha avó fez parte o que coincidiu com a
correspondência que encontrei entre meu projeto e o programa de Mestrado em
Sociedade e Cultura em Manaus-AM/UFAM. Foram dois anos de descobertas, de
encontros, de vivências em espaços na cidade de Manaus que fiz para recompensar
o desejo não realizado da minha avó que foi de conhecer essa cidade da qual ela
recebia notícias e novidades por meio do seu pai e outros viajantes na época
que vivia no seringal. Ter a oportunidade de ir ao teatro Amazonas como neta de
seringueira, fazer o mestrado e escrever a história dela, de seu mundo, me fez
perceber que percorri pela minha própria história e ao invés de escrevê-la,
inscrevi-me nela.
Terminei
o mestrado em 2010, em seguida abri mão de algumas possibilidades que me
interessavam para ficar com minha família. Fiz muitas coisas que me deixaram
realizada, fui para Europa apresentar minha pesquisa, voltei, participei como
educadora/colaboradora de um curso de formação da educação cidadã em Porto
Velho, onde pude compartilhar meus conhecimentos e aprender muito, era tudo o
que eu queria continuar fazendo, mas aí chegou à hora de resolver a situação
financeira, veio as dúvidas, o desejo de não voltar para o funcionalismo
público e a resistência ao retorno para a SEDUC, fiz três vezes seleção para
professora da unir, a primeira para o terceiro grau indígena que desejava mesmo
fazer, mas infelizmente no Processo de seleção foi priorizado quem não tinha
experiência na área, mas tinha muito conhecimento das teorias da história,
embora, não tivesse na prática nem teoria de etno-história, com essa seleção eu
fiquei ressentida por não ter passado, as outras duas fiz sem muita vontade e
empenho, não passei, mesmo assim, na terceira seleção achei que não merecia uma
nota tão baixa, pois fiz referências a autores clássicos da questão tratada e
dissertei com conhecimento de causa sem encher de citações. Resolvi deixar pra
lá, voltei para SEDUC e mesmo sabendo dos problemas institucionais, a pedido de
alguns, assumi a Educação Escolar Indígena, na REN/Representação de Ensino/PVH,
meu projeto era colaborar o máximo, mas por tempo determinado, pois havia
decidido me preparar para o doutorado. Cumpri com o projeto, mas acabei me
envolvendo tanto com a Educação Escolar indígena que se o ESTADO desse
estrutura de trabalho eu não precisaria mais de nada para me sentir realizada,
pois sei da importância em colaborar com a construção de uma política de
educação específica e diferenciada, mais os desgastes, a falta de investimento,
as violências simbólicas cometidas por alguns gestores dentro da SEDUC eram
muito forte e tinha pouca gente disposta a enfrentar, então resolvi mudar a
estratégia de luta, sai a duras penas do espaço institucional e pretendo voltar
para o campo de lutas em outro lugar de discurso com novas armas.


Nessa
fase de suspensão sem poder voltar para a educação escolar indígena, emparedada
pela burocracia, vivi em tramitação junto com o processo. Enquanto isso iniciei
meu trabalho de campo e acompanhei as lutas pelos direitos das pessoas afetadas
pelas hidrelétricas no Rio Madeira. Encontrei-me de vez no meu espaço amazônico
e se não tivesse investido tanto nesse projeto de fazer doutorado, se não
tivesse outras pessoas envolvidas nisso, começaria um novo caminho e ficaria no
meu lugar interagindo com esse momento de manifestações, persistências com projetos
sustentáveis, arte e luta! Mas eu vim, estou aqui e vou fazer o que tem que ser
feito.
TEU TEXTO ME LEMBROU UMA CANÇÃO DO ZÉ VICENTE: se é pra luta eu vou, se é pra estar presente eu tô...
ResponderExcluirbeijos meu amor e forças na luta... cada dia um novo dia... desafios...
Sabe que eu estou com essa múscia na minha cabeça!
ResponderExcluirbeijos amore mio!
Márcia e Iremar, parabéns pela capacidade de vocês em se redescobrir e se reinventar. Um viva a vida e a caminhada...
ResponderExcluirQue mensagem bonita Silvanio!Obrigada!
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