sábado, 4 de junho de 2011

Escola Kyowã

    
                    Representação da Aldeia Bom Samaritano - Alunos da Escola Kyowã                               
                           Representação da Aldeia Byyjjyty Osop Aky - Alunos da Escola Kyowã


No dia 23 eu, uma colega e um colega que atuam na Educação Escolar Indígena em Porto Velho fomos para a aldeia Central do Povo Karitiana, conversar, trocar ideias e planejar junto com os professores da escola Kyowã algumas atividades pedagógicas. Dentre essas atividades foi desenvolvida uma oficina de produção de cartografias: mentais, imaginárias, temáticas, chamadas também de cartografia da memória, na aula de História. A proposta dada aos alunos foi de que eles desenhassem o espaço em que eles vivem e tudo o que eles achassem que faz parte do território deles. Dessa oficina resultou diferentes representações e textos sobre os desenhos. Com a autorização do professor da disciplina de História e do diretor indígena da escola e da turma publico neste espaço dois textos e duas representações que se destacaram por se tratar de uma manifestação crítica do processo de retomada de territórios antigos do Povo Karitiana e apoio aos que estão na luta dessas retomadas. A ideia é escaniar todos os desenhos e digitar todos os textos para organizar um livrinho para ser utilizado como material didático na própria escola.
Texto 1
Aldeia Bom Samaritano
A aldeia Bom Samaritano foi construída pelo senhor cacique Antônio Garcia Karitiana. Ele começou a fazer uma roça para plantar e fazer outras coisas nela. Junto com suas duas esposas Isabel e Maria Rosa, depois que a primeira esposa faleceu em 1993 ele passou tempo sem ir à roça, por que ele estava muito abalado.  Depois ele seguiu em frente e ficou com sua segunda esposa. Quando se recuperou ele voltou a fazer roça que hoje se tornou a aldeia Bom Samaritano.
O senhor Antônio Garcia Karitiana só fez abrir a aldeia e depois faleceu em 2008 e seu filho Orlando Karitiana assumiu o lugar do seu falecido pai com o apoio da comunidade indígena Karitiana.  Ele foi ao Ministério Público para reivindicar a criação da aldeia Bom Samaritano.  Quando o documento foi assinado o Orlando construiu a aldeia e hoje tem cinco casas, plantações de milho, mandioca, laranja e criações de galinha.
Hoje o Orlando Karitiana vive na aldeia com sua família, seu genro, sua mãe, irmãs e outros. Eles estão muito felizes com a construção da aldeia onde estão vivendo.

Texto 2

Relato Sobre a Aldeia BYYJYTY Osop Aky
Byyjty – Chefe grande Osop Cabelo Aky transformou
Tradução segundo Nelson Karitiana: Karitiana se transformou pelo cabelo do neto de Deus.
Observação:
Essa seria a explicação da origem dos Karitiana que surgiram do cabelo do neto de Deus que é a nomeação a aldeia antiga que nos faz  relacionar a busca do Sizino pela retomada da aldeia antiga. O texto abaixo é uma manifestação de apoio ao Sizino Karitiana caçique e grande guardião dos saberes tradicionais do Povo.
BYYJYTY Osop Aky
Está aldeia representa muita coisa para nós indígenas da etnia Karitiana. Quando o sizino que, era daqui da aldeia central, decidiu morar na aldeia BYYJYTY Osop Aky ele não pensou só nele, pensou também no pai, na mãe, na irmã, nos parentes dele que moraram nessa aldeia. Então ele pensou: - Eu vou morar onde moravam meus pais. Essa terra nos pertence. Eu vou à luta para que as autoridades a demarquem.
Assim ele fez a oca mesmo que o fazendeiro não queira que ele fique lá. Aconteceram muitas coisas quando ele começou a morar na aldeia BYYJYTY Osop Aky, queimaram a oca que ele construiu para morar com os filhos, mesmo assim ele continuou e construiu outra oca.
Ele não quer perder essa aldeia por nada nesse mundo por que lá está o cemitério dos antigos, têm o tumulo do pai, da mãe, do irmão, da irmã, do primo do avô da avó da prima, entre outros familiares, por isso, ele não quer perder essa terra ele vai até onde for preciso.
Os genros decidiram morar junto com ele, assim, eles construíram essa aldeia BYYJYTY Osop Aky onde hoje eles moram e vivem.
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O Sizino e sua família estão sofrendo pressão do fazendeiro para desistir da retomada de seu território. O processo de estudo antropológico para o laudo está em andamento, enquanto isso o fazendeiro ameça o Sizino e retira madeira da área.



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