Comunidade do outro lado do Rio Madeira antes do desbarrancamento.
Hoje no programa de Rádio Vozes da Amazônia estávamos entrevistando a Glaucia que é pesquisadora da Cartografia da Amazônia em Manaus, ela estava falando sobre as observações dela em Humaitá nesses últimos tempos, dentre eles, sobre o desbarrancamento acelerado na cidade. Na troca de experiências, falamos desse fenômeno em outras comunidades no alto e baixo Madeira. Nesse dialogo fiquei pensando a importância de pensar sobre esse desbarrancamento relacionado as modificações sociais e culturais dessas comunidades.
1. Programa Vozes da Amazônia todos os domingos a partir das 9:30 da manhã na rádio Kaiari.
2. Entrevista Com Gláucia - Pesquisadora do projeto nova cartografia da Amazônia-Manaus
3. Equipe IMV - Cris, Márcia e Iremar
3. D. Neuzete que foi obrigada a sair de sua comunidade, hoje vive às margens do Rio das Garças, fora do seu contexto social, cultural, simbólico, longe de seus familiares e conhecidos. Ela diz que o lugar é bom, mas não é a mesma coisa, sente falta do Rio Madeira e de sua comunidade.
O desbarrancamento é um fenômeno natural para as comunidades às margens dos rios, porém, estava interligado a um conjunto de elementos de explicações cosmológicas construídos por essas comunidades. Antes esse processo se dava em outra temporalidade, estava dentro do ritimo natural do rio e da vida das pessoas que vivem às suas margens. Com isso, elas tinham como saber a que distância dos barrancos poderiam construir suas casas e quando teriam que se mudar para outro espaço, bastava ler os sinais dados pela natureza, a revoada de pássaros, o conselho de uma curandeira, entre outros. Havia também as explicações míticas para o desaparecimento desses lugares, como o afundamento causado pela cobra grande, recorrente em todo o madeira.
Agora com a interveção das Hidrelétricas as pessoas não tem nem tempo de interpretar os fenômenos, porque são obrigadas a sair de seus lugares, deixar tudo para trás, e viver longe do rio fora dos contextos de seus mundos. Antes, os desbarrancamentos também construíam memórias dos lugares e agora além de causarem desaparecimentos físicos, causam apagamento das mémórias dos lugares.
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