Muitas coisas boas aconteceram num curto espaço de tempo, coisas muito boas, resultantes das sementinhas plantadas e também coisas difíceis. Dentre tantas, vou escolher falar da viagem que fiz com Eliene e Erica, minhas sobrinhas, filhas da minha prima Elza. Em 2017 propus uma roda de conversa sobre Modos de Ser Indígena na escola Francisco Desmorest Passos, na comunidade de Nazaré, às margens do Rio Madeira. Na realização da primeira roda em 2017 teve declaração de afirmação indígena, feita por minhas sobrinhas Eliene e Erica, Tanã e Lucas, teve dança indígena com a participação de Vitória, uma jovem do Acre em processo de afirmação indígena, teve as alunas da escola dançando boi, teve rádio dos alunos entrevistando a professora Márcia Mura (eu), teve alunas e alunos na roda de toré (dança indígena vinda do nordeste em homenagem a Xicão Xucuru que foi assassinado por defender seu Povo e com isso essa dança se tornou simbolo da resistência indígena), teve exposição de artefatos indígenas da Amazônia, teve livros sobre questão indígena, teve grafismo indígena. Em 218, achei que seria importante ir para o Acampamento Terra Livre em Brasília, mas antes de ir tive encontro com os demais professores para falar da importância do projeto, apresentei matérias como sugestão para serem trabalhados, deixei livros e artefatos para realizarem as atividades. Fiquei feliz por terem realizado a roda de conversa sem minha presença. Foi muito importante, pois assim, criei esperanças de o projeto continuar independente de eu estar ou não presente.
Enfim, em 2018, foi garantido a roda de conversa sobre Modos de Ser Indígena e na escola assumidos por outros professores. Em agosto eu junto com as meninas fomos apresentar nosso projeto e toda a nossa prática de descolonização da educação na semana de Educação da USP e outros espaços em São Paulo. Que vou apresentar agora, pois foi uma vivência bonita de aprendizagens.
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Antes de embarcar um registro com o pai e o tio delas. |
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Nós três ainda não acreditando que estava dando o certo. |
Iniciando o percurso da viagem descendo o Rio Madeira. |
I |
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Na Escola Barão de Mauá a convite da professora Geisy conversamos primeiro só com professores e depois com os alunos. As meninas compartilharam seus saberes com estudantes do ensino fundamental e médio, os quais foram muito atenciosos e respeitadores, foi mesmo uma importante troca de experiências.
Soube por meio do parente Jarbas Pankararu que os parentes escritores estavam no Itau cultural na Paulista. As levei para conhecer a parentada. Foi um grande aprendizado para elas, pois tiveram contato com parentes artistas, escritores de diferentes etnias.
E entre conhecer parentes artistas e fazer parte de rodas de conversas na escola pública, na casa de cultura com o levante indígena da Usp e na mesa onde apresentamos como estamos vivenciando nossa descolonização na educação, graças a Namatuyky e a Cris minha amiga aliada as causas indígenas, ainda conseguimos ir ao litoral e assim as meninas tiveram seu primeiro contato com o Mar.
Falando para as meninas que o Mar é sagrado assim como o nosso rio Madeira.
A rainha do Lago do Peixe Boi conhecendo o Mar.
No Itaú Cultural
Na USP
Depois de fazerem a apresentação da dança de Boi com toada sobre o Povo Mura, Erica e Eliene comporam comigo para falarmos da descolonização da educação, elas contribuíram muito compartilhando seus próprios modos de vida, as margens do Rio Madeira.
Na Terra Indígena Guarani - No Pico do Jaraguá
Vivência de aprendizagem com Tamikuã que nos deu dicas para que o nosso conhecimento ancestral com as argilas renasça em nós. Lilian também vivenciou conosco esse momento.
Foram muitas aprendizagens vivencias e em colaboração entre nós três e entre os parentes e amigas e amigos que nos deram apoio total. Kwekatu Reté a todas e todos!
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Professora adorei sua construção sobre o entender o ser indígena pelas suas palavras...
ResponderExcluirAbraços
Irei ler sempre suas mensagens de vida e história, principalmente do seu povo.