quinta-feira, 11 de abril de 2019

seguindo caminhos ancestrais




Por mais que tentem nos apagar basta um sopro para a chama da ancestralidade começar a acender.



Após a vivência com minhas sobrinhas sobre nossas memórias ancestrais, por meio de narrações sobre os antigos da nossa família; literatura indígenas, contações vindas das avós, canto e dança indígena, elas seguiram em busca de seus sonhos levando na bagagem o conhecimento que as repassei e eu iniciei meu caminho ancestral pelo Rio Madeira.

Varando pelos furos à caminho das casas do parentes no Uruapeara, com tio, mãe e irmão.

Retomada de castanhal do tempo das mulheres mais velhas da família.
Crianças do Uruapeara vivenciando literatura indígena 

Sentindo-se renovada

Biscoitos de massa do tempo das mulheres mais velhas

Sobre a chama de uma vela memórias afetuosas de nossa avó se deleneiaram




Seguindo o caminho das águas uma parada em Manicoré



Revisitando lugares em Manicoré deparo-me com alimentos tradicionais que me remetem a minha avó. Nada melhor que tomar um café da manhã com biscoitinhos de massa do jeitinho que minha avó materna fazia; tomar um suco de jenipapo e finalizar com um café acompanhado de um pedaço de bolo de macaxeira. Fui saboreando cada lembrança que vinham bem fresquinhas no sabor e saber da tradição.




Essa igreja em Manicoré é antiga e traz lembranças dolosas de meu avô materno. Minha avó me contou que quando ele e seu irmão eram curumim sua mãe que os criava sozinha, os deu para os padres. Já meios grandes foi dado a eles a tarefa de lavar essas vidraças, mas como todo curumim, ao invés de lavar janelas de igreja eles gostavam mesmo era de arpuar, infelizmente, a brincadeira teve final trágico, pois no momento que o amigo do meu avô se abaixou para pegar a flecha, meu avô flechou bem na hora que seu amigo foi levantando e sua flecha atravessou o ombro do amigo que veio a falecer, por esse motivo, meu avô e seu irmão foram expulsos pelos padres. Assim, os dois irmãos se separaram e vieram a se encontrar novamente somente muito tempo depois, já casados com família num seringal no Estado de Rondônia para dentro do igarapé Cuniã.










Seguindo o percurso até Manaus passamos por Borba que tem uma imensa imagem de São Francisco. Historicamente, foi um aldeamento da ordem Franciscana. Ainda hoje há famílias Mura assumidas na localidade. Minha vó me contava que antigamente, já no tempo dos seringais, Borba era uma localidade santa e quem tinha muito pecado não conseguia subir o barranco, quando estava chegando escorregava e tinha que começar a subir de novo. Hoje tem ainda os festejos, mas agora tem a escada para facilitar ou dificultar a vida dos pecadores.




Após passar uns dias em Manaus com um casal amigo do Povo Indígena Baré, fui para o ponto do percurso que pretendia chegar. O Encontro do Povo Mura na Terra Indígena Santo Antônio. Como o do ano ano passado foi um encontro forte, onde recebi muita consideração, carinho e respaldo. É Sempre bom estar com meu Povo, que para o lado do Amazonas são fortes politicamente.



Vamos continuar (R) existindo!



                          Voltei para Porto Velho com as esperanças renovadas.





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